Um dos deveres intrínsecos das chamadas entidades da sociedade civil organizada é o esforço, individual e em conjunto, por transformações que melhorem as condições de vida do país. É também delas, por exemplo, a responsabilidade de definir ações que resultem na diminuição da insegurança crescente que há tempos vem transformando a vida dos cidadãos numa espécie de sobrevivência diária à violência e à criminalidade que rondam as rotinas gaúcha e brasileira. A intranquilidade é tamanha, que já podem ser medidas em escala de verdadeira guerra as iniciativas contra os avanços da brutalização e do crime em todos os quadrantes do cotidiano e a qualquer hora do dia ou da noite, nas cidades ou no campo.
Há pouco menos de dois anos, o Conselho Federal da OAB e suas 27 seccionais em todo o país lançaram o Movimento Brasil Contra a Violência, e, logo a seguir, o colegiado instituiu, juntamente com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Fórum para a Superação da Violência e Promoção da Cultura da Paz. Já naquela época, os organizadores das campanhas alertavam para a urgente necessidade da implantação de políticas públicas que efetivamente barrem os assustadores índices de criminalidade que tiram o sono e a segurança da população. É peremptório que as autoridades se debrucem com esmero sobre a questão e definam iniciativas que tenham como alvo, dentre outros itens, a estruturação familiar, a educação, a saúde e a redução das brutais desigualdades sociais, verificadas especialmente nas zonas periféricas do país.
Nós, advogados, com a responsabilidade e capacidade postulatória dos direitos da cidadania incluindo a segurança social e como protagonistas de um movimento nacional que procura ao menos atenuar o problema da violência e da criminalidade, mantemo-nos em permanente vigilância e mobilização para o combate à intranquilidade. Esta é uma luta que deve ser de cada cidadão que deseja dias menos violentos para si, seus familiares, amigos, e também para as próximas gerações. É perigoso e inaceitável que o medo gerado pelas manchetes policiais da mídia ou mesmo em descompromissadas conversas cotidianas leve as pessoas a uma espécie de paranoia coletiva, na qual a insegurança perpassa cada atitude do ritmo normal da vida em sociedade. Infelizmente, não estamos longe desta realidade e, por isso, urge que venham logo medidas eficazes contra o embrutecimento de toda uma nação que já se sente totalmente desamparada neste aspecto.